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Labor na machamba
Labor na machamba

Labor na machamba

Título: Labor na machamba

Dimensões: 100cm (L) x 75cm (A)

Técnica: Óleo sobre tela

A obra “Labor na machamba”, do grande mestre Azymir, projecta-se como uma janela aberta para o coração agrícola de Moçambique, revelando a harmonia profunda entre o ser humano e a terra que cultiva. Executada em óleo sobre tela, esta obra confirma a maestria técnica do artista, que transforma uma cena quotidiana num manifesto poético sobre resiliência, identidade e pertença.

A composição centra-se em figuras empenhadas no labor da machamba — termo Tsonga que significa terreno agrícola — cujos gestos ritmados evocam tradições ancestrais transmitidas entre gerações. Azymir capta não só o movimento físico, mas também o pulsar emocional do trabalho rural — a união da comunidade, o esforço partilhado, a esperança que germina no solo fértil.

A paleta cromática é um dos elementos mais marcantes da obra. Predominam castanhos rosados e vermelhos terrosos, que traduzem a textura quente da terra arável e a vitalidade do clima africano. Estes tons são habilmente equilibrados com amarelos luminosos, que sugerem o reflexo da luz solar nas águas da rega, e o ciclo de renovação. Nos pontos de luz, surgem amarelos dourados e laranjas suaves, que recriam a claridade intensa do sol nascente ou poente, conferindo ao quadro uma aura quase espiritual.

Azymir recorre ainda a azuis discretos e amarelos sombreados nas vestes das mulheres, que criam realismo e contribuem para uma atmosfera serena, reforçando o carácter contemplativo da obra. Esta paleta rica e cuidadosamente orquestrada faz com que cada elemento respire autenticidade e emoção.

Labor na machamba” ultrapassa o simples registo visual: é um tributo à dignidade humana e à fertilidade da terra, um encontro entre realidade e sensibilidade artística. Com esta obra, Azymir reafirma o seu lugar entre os grandes nomes da pintura moçambicana contemporânea, oferecendo-nos um retrato vivo da alma rural do seu país.

O artista

Azymir, voz serena e luminosa da pintura moçambicana contemporânea, é um daqueles raros artistas plásticos cuja obra não se impõe pela extravagância, mas sim pela força tranquila de quem observa o mundo com atenção e o devolve na forma de poesia visual. Nascido na tribo Ronga em 1962 no Moçambique colonial, Azimir Chiluquete — que adoptou o nome artístico Azymir — desde cedo revelou a sua paixão pela pintura, construindo um percurso artístico sólido e profundamente singular, que, sem sombra de dúvidas, o remete para o plano dos criadores moçambicanos mais reconhecidos e respeitados de sempre.

Mestre nas técnicas de óleo e acrílico sobre tela, Azymir não procura apenas pintar: procura interpretar. O seu traço é contido mas seguro, sempre guiado por uma sensibilidade que ultrapassa a mera representação literal. Cada quadro é uma história contada em silêncio — um silêncio denso, cheio de significado, quase sempre ancorado na essência da vida da sociedade moçambicana.

Artista que vê para lá do visível, o olhar de Azymir capta nuances que muitos deixariam escapar. Interessam-lhe os pequenos rituais do quotidiano, como o trabalho na machamba, uma conversa interrompida pelo pôr do sol, o descanso depois da partilha, a cumplicidade familiar, os vínculos invisíveis que sustentam comunidades inteiras. São instantes aparentemente simples, mas que, nas suas mãos, ganham profundidade simbólica. Azymir parece recordar-nos que a verdadeira grandeza da vida reside nos gestos humildes, nos vínculos silenciosos, na dignidade que preenche os dias comuns.

Senhor de uma técnica, sensibilidade e harmonia raras, a execução pictórica de Azymir revela um domínio notável dos materiais e uma maturidade compositiva invulgar. O seu traço é disciplinado, firme, e conduz a narrativa visual com precisão, ao mesmo tempo que abre espaço para a emoção respirar. Nada nas suas telas é redundante. As figuras têm peso, presença e interioridade. O ambiente parece sempre pulsar uma energia discreta, quase espiritual. As composições são equilibradas, meditativas, construídas para que o espectador permaneça — para que observe com calma, como se estivesse perante um diálogo íntimo entre a tela e o tempo.

O mérito maior de Azymir é a sua capacidade de colocar a pessoa no centro da obra. Não idealiza, não romantiza, não dramatiza. Apenas revela — e essa revelação tem uma força particular. Nas suas telas há respeito, empatia e verdade. Há a consciência da luta, mas também da esperança. Há o peso do passado, mas também a leveza de um futuro possível. Há a memória do país e a visão de um artista que se sabe parte dele.

O percurso de Azymir — legado vivo já marcado pela maturidade — está em permanente evolução, demonstrando a sua obra a solidez de quem encontrou o seu caminho. Cada nova obra acrescenta mais uma camada a este universo estético coerente e profundamente humano, e é esta consistência — aliada à delicadeza do olhar e à honestidade do estilo — aquilo que faz de Azymir uma referência notável na pintura contemporânea moçambicana.

Azymir é, acima de tudo, um artista que nos ensina a olhar, a perceber o que existe para lá da superfície, e a encontrar beleza na profundidade, significado e verdade onde, as mais das vezes, ninguém pensa procurar.

As suas obras não são meramente para ver, são, essencialmente, para sentir...

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