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Perdido nos becos de Mafalala
Perdido nos becos de Mafalala

Perdido nos becos de Mafalala

Título: Perdido nos becos de Mafalala

Dimensões: 80cm (L) x 80cm (A)

Técnica: Óleo sobre tela

 

 

Perdido  nos becos de Mafalala”, pintura da autoria do mestre Malendze executada em óleo sobre tela com as medidas 80cm x 80cm, é uma obra que se impõe pela força do seu simbolismo e pela profundidade emotiva que dela emerge, relacionada. Mafalala é o bairro periférico da cidade de Maputo onde Malenzde deu os primeiros passos enquanto artista plástico, e as vivências do quotidiano então experienciadas pelo artista estão na génese da criação desta obra.

Em “Perdido nos becos de Mafalala”, Malendze transforma o labirinto urbano num estado de alma. A pintura não se limita a representar um bairro: respira-o. As ruas estreitas e sombrias entrelaçam-se como pensamentos inquietos, e cada beco parece murmurar segredos antigos, medos herdados, esperanças suspensas. A Mafalala que surge na tela é feita de luz contida e de sombras densas, como se o sol tivesse de pedir licença para entrar. Tudo vibra numa tensão silenciosa, onde a orientação se perde e a existência se torna um acto de procura.

A obra evidencia a relação simbólica entre a insegurança quotidiana e o seu título e, espelhando a fragilidade do Homem nesta sociedade dos tempos modernos, permanentemente à deriva num mundo pleno de incertezas. Tal como quem se aventura por aqueles becos sem os conhecer, também o sujeito contemporâneo avança às apalpadelas, tropeçando em dúvidas, desviando-se de ameaças invisíveis. A modernidade prometeu mapas, mas entregou labirintos; prometeu luz, mas multiplicou a penumbra. E é na instabilidade desse território desconhecido que a pintura alcança maior profundidade.

Malendze pinta caminhos que não prometem saída fácil, mas oferecem verdade: a verdade crua de uma vida que se constrói entre o medo e a coragem de continuar...

Há, contudo, uma beleza secreta nesse perder-se. Entre paredes gastas e passagens apertadas, a pintura revela uma poesia discreta, feita de resistência e de pulsação humana. Mesmo na escuridão, há sinais de vida que persistem: uma mancha de luz, um reflexo inesperado, uma abertura que se insinua ao fundo do quadro como promessa remota de saída. “Perdido nos becos de Mafalala” é, afinal, um espelho onde se reflecte a humanidade da nossa própria condição: caminhamos sem mapas seguros, mas avançamos; tememos a escuridão, mas buscamos a luz.

E é nesse equilíbrio instável, entre o risco e a esperança, que esta obra de Malendze encontra a sua mais profunda força, pois em “Perdido nos becos de Mafalala”, o artista não se limita apenas a pintar um bairro — pinta a condição de se estar vivo.

 O artista

O artista plástico moçambicano Alberto Malendze, conhecido no meio das artes plásticas simplesmente como Malendze, é um daqueles criadores raros cuja obra parece nascer directamente do sopro invisível que percorre Moçambique — do rumor sibilante das frondosas casuarinas, do murmúrio das urbes, do silêncio sagrado das tradições. As suas telas, trabalhadas em óleo e acrílico, são muito mais do que meras superfícies pintadas: são espaços onde a cor respira, onde a luz se demora, onde a alma encontra eco.

Em Malendze, cada tonalidade vibra com a intensidade de um poema. Os seus dégradés profundos, ora quentes como o entardecer em Inhambane, ora serenos como um amanhecer sobre o Índico, compõem uma linguagem sensorial única. A cor transforma-se em narrativa, em memória, em presença — como se a tela guardasse dentro de si o som distante de vozes, de passos, de histórias que resistem ao tempo.

O traço de Malendze é intuitivo, mas nunca desordenado. Há nele uma musicalidade íntimista, um ritmo que nos conduz para dentro das formas e das figuras, como se estivéssemos a seguir o pulsar de um coração antigo.

As figuras humanas — frequentemente centrais no seu universo — surgem como aparições luminosas: não representam apenas pessoas, mas estados de espírito, fragmentos de identidade, sombras de um povo que se reconhece na sua própria poesia visual. São corpos que carregam o peso suave da tradição, mas que se movem com a liberdade de quem habita o espaço contemporâneo universal.

Há um silêncio particular na obra de Malendze — um silêncio fértil, cheio de ressonâncias. É o silêncio das povoações ao anoitecer, das conversas murmuradas, da ancestralidade que nunca se diz por completo. Esse silêncio é o espaço onde a imaginação do observador se instala, onde cada tela se transforma num diálogo íntimo entre o artista e quem a contempla.

As obras de Malendze não procuram deslumbrar apenas pela técnica, embora esta seja notável. Procuram, outrossim, tocar, evocar, comover. Cada pincelada parece oferecer uma passagem para outro lugar — não geográfico, mas interior. E quem se detém diante de uma obra do artista encontra quase sempre uma espécie de reconhecimento: como se aquilo que se vê tivesse sido, de alguma forma, sempre nosso.

No panorama artístico moçambicano, Malendze destaca-se como um verdadeiro poeta universal, um mestre da cor e da forma. As suas telas são cânticos silenciosos, celebrações do que somos e do que desejamos ser, pequenos milagres de luz e de sensibilidade criados para perdurar.

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